sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Há trinta dias acreditava que algo muito bom estava a começar, e experimentava o gosto de me entregar a uma descoberta sem ter receio de que os meus segredos fossem revelados. há tantas outras semanas atrás permaneci acordada para te encontrar porque acreditava que serias importante, que virias mudar o curso do meu destino. recordo como qualquer uma dessas sensações foram boas e me fizeram sentir viva. e hoje é tão estranho, pensar como acabaste por ter um papel tão pequenino, tão breve, como eu nunca imaginei que viesse a ser. Como alguém que percorre um longo caminho para recuperar uma carta extraviada, e que quando finalmente a consegue na mão opta por deitá-la fora sem a abrir. Sem nunca vir a saber se aquilo que lá está escrito era capaz de o deixar feliz ou de lhe despedaçar o coração. É um tanto absurdo, até. saboreei-te há trinta dias menos poucas horas, e pensei que um dia saberia tão bem o teu sabor pelo constante repetir-te, dia após dia. Pensei que hoje seria uma noite grande. Planeava levantar para ti o pano do meu teatro, trazer-te pela mão até dentro do meu jardim secreto. há trinta noites te puxei para dentro de mim, sem supor que o teu lugar não fosse alguma vez passar pelo meu colo. e agora, onde e quando nem há sequer um lugar para a tristeza ou qualquer coisa a que se chame saudade, simplesmente não entendo. a vida é um guião escrito por loucos cuja razão não obedece a princípios que estejam - por enquanto - ao meu alcance conhecer.

Sem comentários: