segunda-feira, 18 de junho de 2007

Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de forne de carne
NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;

Não me macem, por amor de Deus!

Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,


Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço.



Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico velo só um bocado de mim —





*Kimiko Yoshida
*Fernando Pessoa, Lisbon Revisited (1923 e 1926)

2 comentários:

Berta Cem Mil disse...

A Adília, depois o Pessoa... É terrível quando começam a aperecer todos os poetas melhores do que nós. Como concorrer, com um comentário idiota?
Olha, um beijo meu.

Mei disse...

...
há sempre alguém que é melhor que nós, aqui e ali. mas temos sempre as nossas grandezas.
*um sorriso meu.