sábado, 6 de outubro de 2007

dialectos de ternura

nunca tive vocação para ser professora. mas, talvez pela referência do início do ano lectivo, de vez em quando sinto uma certa nostalgia dos anos em que essa experiência fez parte da minha vida. por muito que nos esgotem, as crianças enchem-nos o coração gratuitamente, sem termos de pedir nem explicar. hoje, fora de lisboa, ouvi de repente uma vozinha convicta dizer "olá!" e olhar para mim com os olhos muito vivos. era uma menina de sete anos, que tem trissomia 21 e não me vê há mais de um ano, e que nunca foi minha aluna. e a forma segura como me reconheceu com alegria lembrou-me de uma festa em que ficou ao meu lado e estava com medo e eu lhe segurei na mão. assim inesperado o encontro, pensei que por mais que procuremos existir na vida de algumas pessoas não são essas as que nos lembram. permanecemos apenas naquelas que estão disponíveis para nos lembrar.

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