sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

foolish games


Well, excuse me,
guess I've mistaken you for somebody else,
Somebody who gave a damn,
Somebody more like myself.



Well in case you failed to notice,
In case you failed to see,
This is my heart bleeding before you,
This is me down on my knees, and...


These foolish games are tearing me apart,
And your thoughtless words are breaking my heart.
You're breaking my heart.
You're always brilliant in the morning,
Smoking your cigarettes and talking over coffee.
Your philosophies on art, Baroque moved you.You loved Mozart and you'd speak of your loved ones


You'd teach me of honest things,
Things that were daring, things that were clean.
Things that knew what an honest dollar did mean.
I hid my soiled hands behind my back.
Somewhere along the line,
I must've gone
Off track with you.




fácil de entender II (afinal o resto da letra também fazia sentido)

Talvez por não saber falar de cor, imaginei. Talvez por não saber o que será melhor, aproximei. "O meu corpo é o teu corpo, o desejo entregue a nós". Sei lá eu que queres dizer... Despedir-me de ti, adeus um dia voltarei a ser feliz... Talvez por não saber falar de cor, aproximei... Triste é o virar de costas o último adeus, sabe Deus o que quero dizer.
(...)
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor, já não sei se sei o que é sentir. Se por falar falei, pensei que se falasse era mais fácil de entender...
É o amor que chega ao fim, um final assim assim é mais fácil de entender...

N.A.: Por acaso não, não é.

domingo, 24 de dezembro de 2006

fácil de entender

Obrigado por saberes cuidar de mim, tratar de mim, olhar para mim, escutar quem sou...
E se ao menos tudo fosse igual a ti.

"já foi Natal, há muitos anos atrás, mas hoje..."

Cito uma senhora que ontem ouvi (nem vou dizer que foi na paragem de autocarro para não pensarem que a Carris tem um lobby neste blogue), com aquele desânimo conformado, dizer.

Pois há lá coisa mais chata, incómoda, irritante,
que ter de estar muito feliz, mesmo quando o meu mundo ruiu e estou destroçada,
porque é Natal,
que ter de abraçar pessoas que não nos dizem nada, porque é Natal,
que ter de compactuar com almoços-convívio de cinismo colectivo, porque é Natal,
que ter de agradecer presentes que me deram porque parece bem ou porque querem comprar a minha simpatia, porque é Natal,
que ser bombardeada com correntes de sms que se envia para toda a lista de contactos, porque é Natal,
que de estar a conviver com pessoas com as quais tivémos desavenças e que nos fizeram sofrer e que por isso mesmo passamos o ano inteiro a evitar, mas com quem nos temos de reunir, porque é Natal,
que gastar o ordenado todo a comprar coisas com preços muito acima do seu valor real, porque é Natal,
que ter de estar horas em filas nas lojas, nos transportes, nos supermercados, porque é Natal?....

Mas enfim, para além de tudo isto, este ano eu devo ter sido uma menina mesmo muito boazinha,

- porque contingências da vida fizeram com que não me encontrasse com pessoas de conveniência, não tendo eu por isso de comprar presentes porque parece bem,
- porque já me antecipei e telefonei às pessoas a quem realmente quero desejar bom Natal e por isso não vou responder a sms,
- porque fui presenteada este ano com lucidez e alguma sorte, e por isso resolvi os presentes que quero realmente oferecer de modo prático e sem gastar muito dinheiro e tempo em lojas,
- porque o almoço-convívio de cinismo colectivo foi surpreendentemente bom, porque nem tive de ser cínica,
- porque vou passar o Natal apenas e só com as pessoas que mais amo,
- porque, sem estar à espera, recebi o presente que eu mais desejava, e o meu coração gelado está quentinho e a transbordar alegria.

Porque este ano, por acaso,
para mim é mesmo Natal.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Ainda a Carris

E mais uma coisa! Quanto ao tempo de espera pelo autocarro, ainda ontem estive quase uma hora a gelar. Mas se às vezes numa palavra dita num segundo ou em cinco minutos de uma qualquer atitude perdemos o amor da nossa vida, não me parece que seja tempo perdido aquele que passo apenas a contemplar o que me rodeia.

Sou pla Carris...

Quase todas as pessoas que conheço implicam, ou quanto mais não seja questionam, a minha total preferência por andar de autocarro. "Mas porquê, M...? O metro é muito mais rápido, os autocarros demoram muito mais, atrasam-se, vêm sempre cheios... E o Metro chega a todo o lado..." - dizem os que ou ainda não conhecem bem a minha teimosia, ou ainda têm esperança de a poder contornar...
Pois bem! Depois de muitos anos a andar exclusivamente de metro, agora é com orgulho que vou para todo o lado de autocarro, nem que tenha de trocar duas e três vezes até chegar ao destino, nem que esteja uma hora em cada paragem! O Metro é demasiado intimista para o meu gosto. Para começar, entrar num túnel escuro e frio só por si não é cenário muito acolhedor. E mesmo as novas estações de ar limpo e arejado são sempre demasiado frias, demasiadamente assustadoramente grandes.
O autocarro faz parte da cidade, flui com a cidade, não vive ao lado dos esgotos dela. À espera do metro olhamos para uma linha de ferro. Há lá coisa mais deprimente? E aquela linha amarela pintada no chão, a desafiar perigosamente a morte, como que a dizer "vá, salta para aqui! É tão fácil e vais ver que todo o teu sofrimento passa num instantinho, à distância do tempo de espera do próximo Metro..." As viagens de metro são sempre entaladas, demasiado curtas, demasiado forçadas. Ou se tem espaço para cada pessoa ir no seu canto a olhar para o chão para que o seu olhar não se cruze com o de ninguém, ou se se olha pela janela o reflexo causado pela escuridão do túnel faz com que muitas vezes acabemos por fechar o olhar no de outra pessoa... e esses encontros românticos para mim só têm piada nos filmes. Quatro pessoas sentadas apertadas frente a frente, têm que se encarar. É inevitável que os meus vizinhos se apercebam se ando a ler literatura de cordel, é inevitável bisbilhotar a revista da senhora ao lado. E se vou com companhia, ainda é pior. Qualquer conversa, por banal que seja, que eu travar será nitidamente ouvida por quem vai na mesma carruagem, acabando eu por ter vários pares de olhos postos em mim, quando nem gosto de ter assistência. E nos dias em que o metro vai à pinha, os corpos comprimem-se uns contra os outros de forma absurdamente embaraçante. Já me aconteceu acabar por ir de cabeça colada ao peito de um fulano que nunca mais vi na vida....
Quando estamos à espera de um autocarro, observamos a vida daquela rua, e as pessoas vão chegando e perguntando se já lá estou à muito tempo, etc... Tendo em conta que deve ser o transporte de eleição da terceira idade, das pessoas que cresceram com Lisboa, é quase certo que apanho uma ou outra senhora sôfrega de conversa, ansiosa por partilhar comigo as travessuras do seu Tareco. E mesmo nos meus dias mais amargos, isso em vez de me puxar para a morte, como acontece com o Metro, desperta-me para a ternura da vida.
Os motoristas da Carris vêem os passageiros, interagem com os passageiros. Quando alguém precisa de ajuda para entrar as pessoas mobilizam-se, quando um gajo entra à penetra começa a barulheira. Andar de autocarro é do melhor para sentir a cidade. As pessoas manifestam-se, gritam, dão opiniões, praguejam. É opcional tomar parte ou então abstrair-me, olhar para o lado enquanto a cidade desfila pela janela. Para quem como eu venera cada centimetro de Lisboa é um momento de raro prazer.
E ainda hoje fui num autocarro à pinha. Também é incómodo, claro, mas é diferente. O motorista era muito dinâmico, ainda jovem. Quando a certa altura entra uma rapariga com um bebé ao colo ele disse-lhe: "Não saio daqui enquanto alguém não lhe der um lugar pra se sentar!" Como ninguém desse, repetiu o mesmo bem alto, e não arrancou. Por fim, alguém se levantou e lá seguimos viagem, enquanto algumas pessoas gritavam efusivas "Assim é que é! Deviam fazer todos o mesmo!" (Há lá coisa mais pitoresca?) Eu sorri comigo mesma enquanto olhava para as pessoas que seguiam ao lado, na rua. Já desisti de me tentar sentar. Há sempre alguém a apontar-me quase furiosamente a bengala.
Andar de autocarro é fazer uma viagem verdadeiramente colectiva. Naquele espacinho de tempo que dura o percurso, há dez, vinte ou cinquenta pessoas que vão realmente todas para o mesmo lado.

domingo, 10 de dezembro de 2006

V de Mel

E se de repente
a vida corresse bem?
e se sem estar à espera
uma torrente de luz caisse ao meu redor?

como num sonho absurdo
insinua-se lentamente
entrando devagarinho
como um vendaval
um eco dos meus sonhos
dos meus desejos
das minhas vontades
e prioridades
que remexe tudo
que anima tudo.

e se, de repente,
a vida fosse doce?

A espuma dos dias

há os que seguem em frente sem nunca olhar para trás
há os que se recusam a seguir
há os que andam de lado

eu vou para a frente na boleia com as marés
sempre com o passado bem à frente do meu nariz

sábado, 9 de dezembro de 2006

Canção

Esse rancor que trazes no teu coração,
não fui eu quem o plantou,
não.
é tão difícil assim
ouvires sem me julgar
fazeres um esforço para aceitar
que eu posso apenas
gostar de ti?...

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

A V.C.

Essa outra face de mim como um reflexo de mim
acorda quando eu me deito
e vive do outro lado
tão perto mas
separado
como por uma parede de vidro transparente

nos seus olhos revejo
o fogo do meu olhar
e espanta-me
ouvir as palavras
que vou dizer,
sem as pronunciar

como um arremesso de loucura
uma trovoada interior
que irrompe por mim
escancara as portas
e deixa entrar a luz
e a partir daqui começa o tempo

é a peça que
estava perdida
é a chave
a mão
a direcção
que me leva ao encontro
da alegria

sou eu feliz
alma cansada
que chega a casa
depois de uma viagem
longa,
e muito,
muito fria

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Não, não vale mesmo a pena passar a vida olhar para uma laranjeira
à espera que as maçãs nasçam.

domingo, 3 de dezembro de 2006

o lugar que ainda um dia foi meu já não existe.
para mim é doloroso regressar aos sítios onde antes passei momentos de felicidade, mas neste caso, ainda que o quisesse fazer, foram literalmente soterrados. as memórias que guardo só ficaram nítidas no meu pensamento ou na extremidade das células do meu sistema nervoso.
o passado ficou sepultado, mas paira ainda no ar o seu espectro.

há os que nunca de lá saem, que passam a vida a queixar-se de que nunca saem e embalam esse lamento com litradas de cerveja.
há os que saem muito mas voltam sempre, os que apreciam porque usufruem de outras realidades.
há os que partiram com o objectivo de regressarem e fazerem qualquer coisa de util ou de importante, ou simplesmente qualquer coisa
há os que partiram a pensar voltarem mas foram ficando longe. esses voltam sempre, saudosos, sedentos de ver caras e ruas e matar saudades
quer elas existam de facto, quer não.
e depois hei eu, que me senti sempre apatrida, que não encontro lá o cheiro que aconchega a alma nem a luz que me faça sentir uma filha da terra.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O meu genro



a descansar após um dia árduo...
(ai, minha rica filha! bem posso continuar a trabalhar para prover o teu sustento...)

por que razão crescemos lado a lado
com pessoas que nunca chegamos a conhecer de verdade
que sentido faz procurar esse outro que nos complete
se partimos de fragmentos que nunca ouvimos
descodificamos ou reconhecemos?

Dia para dia te perco.
cada vez mais distante num mundo que eu não entendo, que ninguem entende, que te confunde e te destroi.
perco-te de dia para dia, cada vez estás mais isolado numa linguagem sem letras nem sons
e o que mais doi
é que cada vez tenho menos tempo para dizer que te amo
cada vez estás mais longe
e em vinte e sete anos nunca fui capaz de saber quem tu és
o tempo corre veloz, e agora já nem tu me saberias dizer a verdade
ou explicar a mentira em que nasci
ou dizer se algum dia gostaste de mim

perco-te sem nunca te ter encontrado

vejo-te morrer a veres-te morrer
e eu não sei parar o tempo
até ao dia em que seja tarde de mais
e eu grite que te amo e tu já não me ouças
e não me possas nunca dizer
se alguma vez me ouviste