quarta-feira, 10 de outubro de 2007

a terra em teus braços é grande*

as palavras esperam o sono
e a música do sangue sobre as pedras corre
a primeira treva surge
o primeiro não a primeira quebra
a terra em teus braços é grande
o teu centro desenvolve-se como um ouvido
a noite cresce uma estrela vive
uma respiração na sombra o calor das árvores
há um olhar que entra pelas paredes da terra
sem lâmpadas cresce esta luz de sombra
começo a entender o silêncio sem tempo
a torre extática que se alarga
a plenitude animal é o interior de uma boca
um grande orvalho puro como um olhar
deslizo no teu dorso sou a mão do teu seio
sou o teu lábio e a coxa da tua coxa
sou nos teus dedos toda a redondez do meu corpo
sou a sombra que conhece a luz que a submerge








*António Ramos Rosa

*Sam Haskins




*seguindo aquele ritual de agarrar o livro mais próximo (olhos fechados, para dar maior ocultismo à coisa), abrir na página 161 (curiosamente, estava já marcada) procurar a quinta frase completa (que sendo um livro de poemas foi o quinto verso).

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