sábado, 24 de março de 2007

aka

desprezo imenso as pessoas que fazem publicidade a si próprias. por "defeito de ocupação", torço inevitavelmente o nariz sempre que vejo um texto a falar de alguém, do que alguém fez ou pensa fazer. por defeito "de ocupação", assumo que tudo aquilo que se vende é feito para se vender, é criado por encomenda para criar uma ilusão que incite ao consumo inconsciente, "sem questionar". quando alguém me diz que fulano tal escreveu um livro, a minha pergunta imediata é "quem é que lho terá escrito". claro que é um julgamento injusto, como todas as generalizações o são.
eu aprecio o espectáculo que o é frontal e deliberadamente, encanta-me todo o processo de criação e todo o mecanismo de bastidores. mas cada dia tenho menos paciência para o aparato cénico de uma propaganda que se dissimula e procura camuflar-se para se confundir com a realidade.
talvez por amor à arte, cada vez me enjoo mais com as figurinhas "é só juntar água".

um artista que o seja verdadeiramente, seja naquilo que for, dispensa qualquer texto de apresentação.
para mim, o artista que o é de facto é aquele cuja obra fala por si, de uma forma inquestionável e implagiável. é aquele que é a sua própria obra e imagem. na vida como na arte, quem sabe que tem valor sabe que não precisa de dizer nada, pois aquilo que faz grita de uma forma que ninguém consegue ignorar, por muito que queira.

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